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Tiago Simões, Diretor de Marketing da Sonae MC: "há uma oportunidade para a expansão das lojas de proximidade".

Durante o passado ano de 2020, a Sonae MC, a empresa líder no sector da distribuição alimentar em Portugal, reforçou a sua posição ao liderar também as aberturas realizadas ao longo de todo o ano. Alimarket Alimentación entrevista Tiago Simões, diretor de marketing da companhia detentora da cadeia 'Continente'. Nesta entrevista este explica como a crise sanitária afetou tanto a própria companhia como o sector. Fala também dos projetos de expansão da cadeia a curto e médio prazo, dos pontos fortes do seu grupo e dos desafios que o sector enfrenta após as mudanças experimentadas pelo consumidor no último ano.

Tiago Simões, Diretor de Marketing da Sonae MC: há uma oportunidade para a expansão das lojas de proximidade.

Alimarket: O ano de 2020 tem sido um ano difícil no qual a distribuição alimentar tem sido capaz de se adaptar à situação especial colocada pela pandemia. Como é que a crise sanitária afetou os planos de expansão da sua cadeia?

Tiago Simões: A situação pandémica exigiu um conjunto de aprendizagens e desenvolvimento de soluções que temos vindo a aperfeiçoar para garantirmos a melhor resposta possível a outras situações de contingência que possam ocorrer – tal passará pela implementação das soluções que demonstraram os impactos e resultados mais positivos. O nosso foco no cliente nunca mudou, mas obviamente ganhou, nos últimos meses, outros contornos. Desde o e-commerce às equipas de reposição, passado pelas áreas comerciais e de logística, há procedimentos sólidos que as nossas pessoas sabem que não podem ser descurados, pois são o garante do bem-estar de todos – clientes e colaboradores – no dia a dia da nossa operação. É nos momentos de crise que, mais uma vez, o 'Continente' está ao lado das famílias portuguesas e 2020 é um bom exemplo da forma como investimos, todos os dias, em Portugal. Em 2020, a Sonae MC abriu 89 lojas próprias (incluindo 13 supermercados de proximidade 'Continente Bom Dia'), acrescentando mais de 30.000 m2 à área de venda da nossa rede de lojas.

A: Como tem evoluído a procura dos consumidores ao longo do último ano? Acha que estas mudanças vão continuar no futuro?

T.S.: O aparecimento da pandemia, e os períodos de confinamento, têm resultado em alterações no comportamento dos consumidores. Como exemplo, ao longo destes períodos, muitos clientes experimentaram o 'Continente Online', e tiveram oportunidade de comprovar a sua conveniência, e a facilidade que acrescenta às rotinas diárias, de forma muito complementar com as lojas 'Continente'. Por outro lado, nas lojas físicas, os clientes tendem a visitar menos vezes, fazendo compras maiores em cada ida. Perspetivamos que o e-commerce ganhe ainda mais expressão, sendo fundamental a interligação do 'Continente Online' com a excelência das lojas 'Continente'.

A: O comércio eletrónico aumentou exponencialmente durante a pandemia. Que repercussão teve na sua atividade? Pensa que no futuro irá manter ou aumentar o seu peso no conjunto da distribuição alimentar?

T.S.: Até ao aparecimento do Covid-19, as vendas puramente online estavam a crescer de forma consistente a dois dígitos. Com a chegada do Covid-19 a Portugal, os acessos e as encomendas multiplicaram-se, numa altura em que mais famílias recorreram aos canais digitais, várias delas pela primeira vez. Neste momento, a procura pelo 'Continente Online' aumentou novamente. Este período veio reforçar de forma clara a tendência omni-canal. Vemos que muitos dos clientes que entraram pela primeira vez no canal (e-commerce) no início do ano ou no início da pandemia, neste momento são clientes que perceberam o valor de conveniência do e-commerce e que neste momento estão muito confortáveis e muito adaptados a este modo alternativo de comprar, e que o fazem de forma muito complementar com os canais físicos.

A: O formato de proximidade tem sido um dos mais beneficiados durante a pandemia. Como é que o crescimento deste formato tem influenciado o modelo das suas lojas?

T.S.: Os hipermercados continuam a manter a sua atratividade aos olhos dos consumidores e atuam como uma one-stop-shop para satisfazer as necessidades de compras semanais. Variedade, segurança e conveniência percebidas, localizações urbanas próximas e premium são atributos diferenciadores que explicam o desempenho resiliente deste formato durante a pandemia. A crise atual também levou mais clientes a privilegiar canais de conveniência para mantimentos e alimentos básicos, confirmando a oportunidade de expansão de lojas de proximidade.

A: Considera que a crise económica derivada da crise sanitária conduzirá a uma guerra de preços? Como pretende enfrentar o crescimento da concorrência?

T.S.: A nossa estratégia passa por ter uma atitude proativa, de forma a antecipar as necessidades dos clientes. Torna-se fulcral investir em inovação, que se reflete em novos produtos, novas opções de serviço ou até em novos modelos de operação e manter a agilidade necessária para fazer face a um mundo em constante mudança. O Continente tem sido bem-sucedido no acompanhamento da evolução do mercado, e, sobretudo, das necessidades dos consumidores, que vão variando ao longo do tempo. Esta capacidade de adaptação, sempre com foco no consumidor, é valorizada pelos clientes e isso tem vindo a refletir-se nos indicadores de perceção.

A: A sustentabilidade desempenha hoje um papel importante, que medidas planeiam desenvolver nos próximos anos neste sentido?

T.S.: Reforçamos o nosso compromisso público como um agente ativo na consciencialização e mobilização dos portugueses, informando, sensibilizando e promovendo comportamentos de cidadania ambiental, que assegurem o nosso futuro coletivo.
Orgulhamo-nos de ser um dos principais agentes deste movimento de mudança, que se está a tornar sistémica, e da qual o "Pacto Português para os Plásticos", apoiado e promovido pela empresa desde a sua génese, é um bom exemplo. No âmbito específico do plástico, o objetivo é a criação de um ecossistema circular para os plásticos em Portugal. Ainda sobre a sustentabilidade ambiental, reforçámos frequentemente e estamos a trabalhar para atingir a neutralidade carbónica até 2040, antecipando em 10 anos a meta da União Europeia -um compromisso assumido pelo grupo Sonae como um todo-. Um outro caminho que queremos continuar a trilhar é o da igualdade de género. Na Sonae MC consideramos que a presença equilibrada de mulheres e homens é um fator importante para o desenvolvimento dos nossos negócios, nomeadamente nos cargos de liderança. Estudos demonstram, de forma consistente, que organizações com maiores níveis de diversidade e inclusão são mais inovadoras e criativas, tornando-se assim mais sustentáveis e geradoras de valor para a comunidade. O nosso propósito é criar valor económico e social a longo prazo levando os benefícios do progresso e da inovação a um número crescente de pessoas.

A: Quais são os planos de expansão da sua cadeia em Portugal?

T.S.: Em termos estruturais, apesar das fortes restrições e do cenário competitivo globalmente desafiante, o mercado retalhista português continua a apresentar indicadores de área de venda per capita e de vendas per capita abaixo dos referenciais dos mercados europeus mais desenvolvidos. Este fator contribui para explicar a elevada dinâmica na abertura de lojas alimentares em Portugal verificada no período recente. Apesar do contexto de incerteza que vivemos e da postura cautelosa que implementámos relativamente a todas as despesas de capital, não prevemos quaisquer alterações ao nosso plano de expansão para os próximos anos, nomeadamente em formatos de proximidade. Reiteramos as metas de expansão divulgadas para o período 2019-2021 são de 50-60 novas lojas 'Continente Bom Dia'; 4-8 novas lojas 'Continente Modelo', y 150 novas lojas de negócios complementares de crescimento.

A: Quais acha que são os principais desafios a enfrentar nos próximos anos?

T.S.: O desafio da distribuição alimentar é fulcral e cada marca deve ter a capacidade de sentir qual a próxima necessidade dos consumidores e dar-lhe respostas rapidamente. As tecnologias avançam de forma exponencial e o retalho terá que ter capacidade para o perceber e fazer essa transformação progressiva. A cadeia irá mudando: omnicanal, aplicações, mobile, inteligência artificial na recomendação de produto, interfaces de voz, tudo isto irá causar disrupção em partes da jornada do cliente e é por isso importante termos funcionalidades como o facto de podermos ir a uma loja Continente e não termos de estar numa fila à espera ou termos folhetos personalizados, com uma seleção dos 20 melhores produtos do folheto da semana para cada cliente.

O e-commerce tem crescido de forma consistente e expressiva em Portugal, contudo a Covid-19 veio efetivamente catalisar esse desenvolvimento, ou seja, a situação de confinamento veio alterar ainda mais os hábitos dos consumidores portugueses. As principais tendências de consumo apontam para produtos nutricionalmente equilibrados, bem como produtos que se destacam pela qualidade, inovação, mas sem descurar o sabor. Os clientes privilegiam também uma informação simples e acessível dos ingredientes na embalagem dos produtos, além de um packaging sustentável (redução plástico, 100% recicláveis).

A: Quais considera serem os pontos fortes do seu modelo em comparação com outros retalhistas?

T.S.: No caso da Sonae MC, consideramos que a nossa flexibilidade para atender às diferentes e variáveis ​​preferências dos consumidores através de um portefólio multi formato e omnicanal é uma vantagem competitiva diferenciadora. Continuaremos a adaptarmo-nos às novas circunstâncias, colocando sempre o cliente no centro do negócio e sendo, simultaneamente, proativos e reativos na captura de oportunidades futuras, garantindo a manutenção da nossa posição de liderança.



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