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Carla Esteves (Aqui É Fresco): “O futuro do Aqui é Fresco, e do comércio de proximidade em Portugal, será ainda mais digital e imediato”

Carla Esteves (Aqui É Fresco): “O futuro do Aqui é Fresco, e do comércio de proximidade em Portugal, será ainda mais digital e imediato”

Alimarket Gran consumo, coincidindo com o pulicação do segundo informe sobre o sector da distribuição alimentar em Portugal, entrevista Carla Esteves, diretora-executiva da central de compras Unimark e da rede de lojas Aqui é Fresco, que celebra o seu décimo aniversário. Nesta entrevista comenta como a crise sanitária afetou tanto a própria companhia como o consumidor. Fala também dos projetos de expansão da cadeia a curto e médio prazo, o desenvolvimento do comércio online e os desafios para o futuro.

Alimarket: O ano de 2020 tem sido um ano difícil no qual a distribuição alimentar tem sido capaz de se adaptar à situação especial colocada pela pandemia. Como é que a crise sanitária afetou os planos de expansão da sua cadeia?

Carla Esteves: Mais de um ano volvido após o aparecimento da pandemia de Covid-19, que veio alterar irremediavelmente as nossas vidas, está ainda por determinar o seu verdadeiro impacto, nomeadamente, no modo como vivemos, socializamos e consumimos. Sabemos, no entanto, que a preocupação com a segurança, na era pós-Covid-19, vai, certamente, ter grandes reflexos na nossa área de negócio. Os consumidores vão estar mais atentos a questões como limpeza e saúde, assim como exigir informação detalhada sobre os produtos, nomeadamente, a sua origem. Também as vendas online vão, seguramente, aumentar, com o conceito “click and collect” a atingir novos patamares.

A segurança individual e coletiva, espaços seguros e limitados ao interior das lojas vão potenciar novas apostas e obrigar a encontrar outros caminhos, no sentido de manter os negócios ativos e rentáveis. Os consumidores estão a dar aos retalhistas mais protagonismo que nunca, pelo que as lojas que forem capazes de reunir qualidade e entrega rápida vão, certamente, sair vencedoras nestes tempos instáveis de pandemia. Identificadas as necessidades, e a forma como o mercado se vai comportar, acreditamos que o plano de expansão da nossa rede de lojas não sairá afetado.

A: Como tem evoluído a procura dos consumidores ao longo do último ano? Acha que estas mudanças vão continuar no futuro?

C.E.: O contexto atual levou a uma inevitável mudança nos hábitos e tendências de consumo, já anteriormente em crescendo, mas que esta crise veio acelerar. A escolha do comércio de proximidade, para evitar as grandes aglomerações, a preferência por produtos frescos, que registou um aumento significativo devido à preocupação crescente com uma alimentação mais saudável e equilibrada, e o foco nas marcas próprias e nas promoções são alguns dos registos que podemos partilhar. A maioria dos portugueses aumentou, também, o grau de reconhecimento pela comunidade e pelo comércio local, afirmando mesmo que prefere comprar a quem já conhece, tendo inclusivamente mais confiança nas recomendações feitas pelos lojistas locais, o que nos traz ainda mais confiança e vontade de continuar a trabalhar. Muitos destes estabelecimentos tiveram, e continuam a ter, necessidade de se reinventar e criar formas de alargar a sua prestação de serviço, com as entregas ao domicílio, traduzindo-se numa grande vantagem, especialmente para os grupos considerados de risco. Um “regresso ao passado” que permitiu fazer face, de forma inequívoca, aos prazos mais dilatados que as lojas alimentares online chegaram a praticar no pico da pandemia. São mudanças de comportamento que vieram, seguramente, para ficar, pois o fator segurança continuará a ter, no futuro, um peso enorme nas escolhas de todos nós.

A: O comércio eletrónico aumentou exponencialmente durante a pandemia. Que repercussão teve na sua atividade? Pensa que no futuro irá manter ou aumentar o seu peso no conjunto da distribuição alimentar?

C.E.: O facto de sermos considerados “tradicionais” não quer dizer, necessariamente, que não possamos abraçar a mudança e elencar um conjunto de vantagens ao dispor dos nossos consumidores e aderentes, ao abrigo das mais inovadoras ferramentas tecnológicas. A aposta no meio digital, sem perder a identidade, permitiu-nos anunciar um cartão de fidelização que vem trazer vantagens competitivas aos nossos aderentes, um novo website, mais moderno e apelativo, e, pela primeira vez na nossa história e do retalho português, ter promovido uma convenção digital, em 2020, que superou as expectativas de todos os envolvidos e abriu perspetivas de futuro. O futuro do Aqui é Fresco, e do comércio de proximidade em Portugal, será ainda mais digital e imediato. Prova disso é a repetição da convenção digital, este ano, nos dias 31 de maio, 1 e 2 de junho que, acreditamos, ir superar as nossas melhores expectativas. Porém, as nossas lojas não deram, ainda, “o salto” para as compras online. Mas será uma realidade no futuro do Aqui é Fresco. Temos como objetivo entrar nessa área de negócio no quatro trimestre de 2021.

A: O formato de proximidade tem sido um dos mais beneficiados durante a pandemia. Como é que o crescimento deste formato tem influenciado o modelo das suas lojas?

C.E.: O confinamento obrigatório durante um período considerável e a continuidade, em muitas empresas, do teletrabalho levou, e continua a levar, muitos de nós a evitar o convívio, preferindo a segurança e conforto do nosso lar, levando a que se reequacione, entre muitos outros aspetos, os nossos hábitos de consumo. Uma perspetiva suportada pelos números disponibilizados pelas entidades mais respeitadas do mercado, que dão conta de uma mudança no paradigma, com cerca de 82% dos portugueses a manifestarem a sua pretensão em fazer compras no comércio local. Entre as razões apontadas para esta escolha encontram-se a conveniência, filas menores face aos supermercados, assim como a ausência de deslocações.

Outros estudos sugerem ainda que 65% dos portugueses está a gastar mais no comércio local para ajudar as respetivas comunidades a recuperar da crise. Em Portugal, 28% das pessoas referiu, também, que passou a ter um novo tipo de relação com os lojistas locais e as lojas independentes e deu como vantagens os melhores preços (15%) ou entregas mais rápidas (12%). Este é, sem margem para dúvidas, um formato vencedor, lojas de pequena dimensão, localizadas no nosso bairro, perto da nossa casa, sem necessidade de deslocações, onde o atendimento e a dimensão são sinónimo de segurança e qualidade.

A: Considera que a crise económica derivada da crise sanitária conduzirá a uma guerra de preços? Como pretende enfrentar o crescimento da concorrência?

C.E.: Efetivamente, estamos a atravessar uma crise sanitária com implicações profundas, não só no nosso sistema de saúde, como no nosso modo de vida e, acima de tudo, no nosso nível de conforto. Porém, o Estado terá um papel fundamental em toda esta gestão. Como referiu, há dias, o nosso primeiro-ministro, “o pior que podia acontecer seria juntar a uma crise sanitária também uma crise económica”. Vamos, por isso, acreditar que irão ser tomar as medidas adequadas para “evitar a contaminação da economia, a destruição de emprego e das empresas e evitar o risco de uma nova recessão à escala europeia". No entanto, e tal como também referido, "temos todos de nos empenhar, coletivamente, para evitar que isto aconteça".

A rede Aqui é Fresco fará seguramente tudo o que estiver ao seu alcance para evitar prejuízos maiores. Iremos trabalhar e negociar afincadamente para conseguir servir a nossa rede de lojas como até aqui. Fica, porém, um alerta, vamos necessariamente de voltar a ter mais “governo” na nossa vida. Perante este cenário, o crescimento, ou não, da concorrência não é, seguramente, o que mais nos preocupa. Sabemos que a localização das nossas lojas, o preço, a variedade do sortido, a qualidade da nossa marca própria, a simpatia, as promoções quinzenais, promovidas através dos nossos folhetos, são fatores, por si só, de sucesso e que nos permitem enfrentar com segurança, não só a nossa concorrência, como o futuro. Também o facto de sabermos o que os nossos clientes compram, porque compram, quando compram, onde compram e com que frequência o fazem e consomem determinados produtos aporta-nos valor nas relações comerciais que estabelecemos. É, também, com este “saber” que conseguimos enfrentar a nossa concorrência.

A: A sustentabilidade desempenha hoje um papel importante, que medidas planeiam desenvolver nos próximos anos neste sentido?

C.E.: Na rede Aqui é Fresco, temos perfeita consciência dos problemas ambientais e sociais que o planeta enfrenta, pelo que somos, cada vez mais, exigentes connosco e com as escolhas que fazemos. Trabalhamos com marcas que mostram compromisso com a comunidade e com um futuro mais sustentável, seja na formulação do produto em si ou na forma como se apresentam ao consumidor, com menor presença de plástico e com maior preocupação em incorporar elementos recicláveis.

E porque este contributo tem de ser muito mais do que um mero discurso, estabelecemos parceria com a “Too Good To Go”, onde os nossos clientes, com a sua contribuição, já salvaram milhares de ‘Magic Boxes’, impedindo a libertação de mais de 3.000 toneladas de CO2 para a atmosfera. Também a nossa colaboração com várias instituições de caridade, aquando do 10º aniversário da AEF, com a doação de vários cabazes, é prova do nosso compromisso com a sociedade e com todos aqueles que mais precisam. O nosso compromisso com a sociedade e o planeta é uma realidade e vai continuar a fazer parte dos nossos objetivos e prioridades mais imediatas.

A: Quais são os planos de expansão da sua cadeia em Portugal?

C.E.: O objetivo da rede Aqui é Fresco, desenvolvida nos últimos 10 anos, é “dar mais voz ao comércio tradicional de proximidade em Portugal”, prevendo-se chegar ao final deste ano com um total de 780 lojas, após a abertura programada de mais 50 estabelecimentos, durante 2021. Ao longo do corrente ano, e de acordo com a evolução do mercado e, consequentemente, da pandemia, vamos continuar a trabalhar numa estratégia de crescimento sustentada.

A: Quais acha que são os principais desafios a enfrentar nos próximos anos?

C.E.: Ativar fortemente o online, ajustar os sortidos existentes e estar atento às mudanças e tendências da era pós-Covid-19, pois estas mudanças acontecem diariamente e vieram para ficar.

A: Quais considera serem os pontos fortes do seu modelo em comparação com outros retalhistas?

C.E.: O nome da rede, Aqui é Fresco, é uma chamada de atenção para uma gama de produtos que, cada vez mais, representa um ponto de interesse dos consumidores nas suas visitas às lojas de proximidade. No entanto, como supermercados de pequena e média dimensão, a oferta inclui, também, toda uma gama de produtos alimentares e de bebidas, assim como de higiene pessoal e do lar. Para além disso, quer em termos de serviço, como de produtos, garantimos aos consumidores um preço corrente de prateleira, em geral, mais baixo que as grandes organizações, com a grande vantagem da proximidade, ao facilitar uma compra rápida e simples sem necessidade de deslocação em viatura. É especialmente interessante para necessidades de compra diária, faltas ou compras de urgência de uma gama alargada de produtos, como os que acima indicámos.



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