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Elena Aldana, Mercadona: "O nosso objetivo é que os portugueses façam as suas compras sem se preocuparem com a instabilidade das promoções"

Elena Aldana, Mercadona: O nosso objetivo é que os portugueses façam as suas compras sem se preocuparem com a instabilidade das promoções

Alimarket Alimentação, coincidindo com o lançamento da sua base de dados sobre o sector da Distribuição Alimentar em Portugal, entrevista Elena Aldana, diretora geral internacional de relações externas da Mercadona, que explica por que razão o grupo decidiu começar a operar em Portugal, os seus pontos fortes para ter sucesso neste mercado, os seus projetos de expansão e as ações adotadas durante a pandemia da Covid-19.

Alimarket: Quais foram os motivos que levaram a Mercadona a desembarcar no mercado português?

Elena Aldana: Portugal sempre foi um país interessante para nós, devido às oportunidades que oferece. O critério de proximidade também desempenhou um papel fundamental na hora de iniciarmos o nosso primeiro projeto de internacionalização. Para além dos laços históricos e culturais entre Portugal e Espanha, muitos portugueses já conheciam a Mercadona das suas viagens a Espanha para comprar nas nossas lojas perto da fronteira ou das zonas com muita afluência de turistas. Contudo, a maioria deles ainda não sabia o nosso nome e tivemos de fazer um grande esforço de comunicação, sem ter ainda lojas abertas, durante 3 anos.

A proximidade física permitiu à nossa empresa iniciar o projeto com trabalhadores espanhóis até termos uma equipa composta por trabalhadores portugueses; hoje já são mais de 900 os trabalhadores que compõem a equipa portuguesa. A parte logística também teve um papel fundamental; para isso contamos com o Bloco Logístico Villadangos del Páramo, em León, que serve de conexão com Espanha e ajuda, no abastecimento das nossas lojas em Portugal, ao Bloco Logístico da Póvoa de Varzim, que abrimos em 2019, no distrito do Porto.

Desde o início soubemos com claridade que este era um projeto a longo prazo, que estávamos aqui para ficar e que criar riqueza no país era um dos nossos compromissos. Criámos a empresa Irmãdona Supermercados S.A, exatamente com esse objetivo. Esperamos que a nossa história em Portugal seja uma história de crescimento mútuo. Desde que começámos o nosso projeto em 2016, investimos 220 milhões de euros. O nosso objetivo é continuar a contribuir para a criação de riqueza e emprego também em Portugal.

A: Num mercado tão singular como o português, em que o cliente dá prioridade às promoções, quais são as vantagens que a vossa empresa oferece em relação ao resto dos operadores?

E.A.: De facto, o mercado português está muito focado nas promoções; os dados do mercado indicam que quase 50% das compras em Portugal são efetuadas numa base promocional. No entanto, Mercadona chegou a Portugal já em 2016 com um Modelo diferenciador, que dá prioridade à qualidade dos produtos de marca própria, com preços competitivos e estáveis, bem como um sortido inovador e diferenciador.

Esta é, portanto, outra forma de comprar: não temos folhetos, nem cartões de fidelidade, não fazemos ofertas nem promoções. Isto implica um esforço extra na comunicação e que esta seja bidirecional para que os nossos Chefes (como chamamos aos nossos clientes) nos conheçam, experimentem os nossos produtos e apreciem isto que nos diferencia. Por outro lado, para os conhecer, abrimos um Centro de Inovação em Matosinhos, em 2017. Este centro, a que chamamos "macro laboratório de ideias", de 1.000 m2, é utilizado para testar os produtos, junto dos nossos Chefes, antes de os lançarmos no mercado. Este Modelo de co-inovação com o Chefe permite-nos alcançar uma taxa de sucesso (produto que permanece na prateleira por mais de 1 ano) de 82% vs. 24% em média para o sector. Em suma, é uma questão de adaptar a oferta à procura. Isto também nos permitiu definir o sortido que devemos colocar nas nossas prateleiras em Portugal.

Outra característica diferenciadora para o mercado português, que tem sido apreciada tanto pelos nossos Chefes como pelos nossos Fornecedores, tem sido e continua a ser a política de transparência. Todos os fornecedores das nossas marcas são identificados nas embalagens dos produtos. Não vendemos "marca branca"; vendemos marcas: Hacendado, Deliplus, Bosque Verde e Compy, entre outras, e exatamente por serem nossas temos o compromisso com os nossos Chefes de lhes oferecer o melhor ao melhor preço.
O nosso objetivo é também que os portugueses façam as suas compras de uma forma confortável, sem se preocuparem com a instabilidade das promoções. Isto é conseguido com uma cadeia agro-alimentar sustentável: com fornecedores especializados que garantem a melhor qualidade e com os quais podemos trabalhar de forma estável, com uma visão a longo prazo. Em Portugal já trabalhamos com mais de 300 fornecedores a quem comprámos produtos no valor de 126 milhões de euros no ano passado.

A: Qual é a vossa previsão de expansão - número de lojas e área - para 2020?

E.A.: Tivemos de parar, temporariamente, o plano de expansão devido ao Covid-19 mas, recentemente, retomámo-lo, com muita ilusão, mantendo a previsão de abertura de 10 lojas, nos restantes 7 meses do ano, nos distritos de Aveiro, Braga e Viana do Castelo (a primeira loja neste distrito).

A abertura da primeira loja deste ano está prevista para 16 de Junho na cidade de Aveiro. Estão todos convidados a conhecer esta loja que, como todas as anteriores já abertas no país, terá uma dimensão aproximada de 1.900 m2, com estacionamento, com o formato do novo modelo de loja e com o "Pronto a Comer", bem como a secção de bacalhau (adaptada ao mercado português) e a secção de presunto ao corte; algo muito espanhol e com muito sucesso em Portugal. Em suma, o melhor de ambos os países.

Que ações está a vossa empresa a desenvolver para responder à situação gerada pela Covid-19?

E.A.: A Mercadona desenvolveu, desde o início da pandemia, uma série de medidas para garantir a saúde e a segurança de todos os nossos trabalhadores e Chefes. A primeira medida foi que todos os nossos trabalhadores, 90.000 em Espanha e Portugal, receberam: luvas, gel hidroalcoólico, máscaras, óculos para proteção e colocamos também telas protetoras/separadoras de acrílico na secção das caixas. Além disso, no dia 13 de março, e em reconhecimento do esforço e empenho de todos eles, o nosso Presidente, Juan Roig, atribuiu aos 90.000 Trabalhadores um salário extra equivalente a 20% do salário bruto, que foi cobrado no mesmo mês.

Por seu lado, os nossos Chefes, quando entram nas lojas, recebem luvas, papel e gel desinfetante que a Mercadona lhes proporciona para utilizarem enquanto fazem as suas compras. De igual modo, os processos diários de desinfeção e limpeza das nossas instalações foram reforçados com serviços externos, bem como a segurança das nossas lojas, com vigilantes, para controlar os acessos e garantir a distância social.

A nossa empresa já contava com um Serviço Médico próprio composto por mais de 100 profissionais, com protocolos estabelecidos e que estão em permanente contacto com as Autoridades de Saúde, seguindo as instruções e recomendações que estas dão a todo o momento. Além disso, foi reforçado com um Call Center médico, à disposição dos trabalhadores 24 horas por dia, 7 dias por semana, para qualquer consulta, dúvida ou questão que gostassem de resolver.

A: Que outras ações de assistência levaram a cabo?

E.A.: Em relação aos fornecedores, foi ativada uma linha de liquidez com vários bancos no valor de 2.100 milhões de euros, com o objetivo de proporcionar liquidez a qualquer fornecedor que se encontrasse com essa necessidade e, ao nível da Sociedade, acelerámos e aumentámos as doações às Instituições Sociais, visualizando que aquilo que era uma crise sanitária poderia tornar-se uma crise económica e até social.

Além disso, juntamente com mais de 3.000 empresas, foi criada uma iniciativa (www.eactivate.com) para dar valor às empresas de todas as dimensões, empresários, trabalhadores independentes e trabalhadores que trabalham para que a economia não pare. Em suma, a atividade empresarial é o vento que faz avançar um país. Pensamos que agora não se trata apenas de não parar, mas de acelerar. #EActiVate



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