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Cristina Matos (Associação Portuguesa de Franchising-APF): “As cadeias poruguesas seriam um sucesso en Espanha”

Cristina Matos (Associação Portuguesa de Franchising-APF): “As cadeias poruguesas seriam um sucesso en Espanha”

Em Portugal, segundo o último relatório sobre distribuição alimentar publicado pela Alimarket, mais da metade das lojas de retalho operavam em regime de franquia no final do exercício de 2021, se bem que apenas representavam pouco mais de uma quarta parte da sala de vendas do país. Desta fórmula de gestão e o seu desenvolvimento no país vizinho falamos com Cristina Matos, CEO da Associação Portuguesa de Franchising (APF), nesta entrevista.

Alimarket Alimentación: Como avaliam o sector alimentar e dos supermercados?

Cristina Matos: É um sector em franco crescimento e que tem demonstrado muita resiliência mesmo durante o período da pandemia. Apesar de termos uma vasta oferta de marcas de supermercados, verificamos que a mesma continua a crescer.

A.A.: Considera os supermercados como sector competitivo dentro do franchising?

C.M.: Sem dúvida, até porque dentro deste sector existem muitos conceitos diferentes e o franchising permite regras distintas, o que dá aos potenciais franquiados, muita liberdade de escolha.

A.A.: Qual é o perfil de um franqueado de supermercados?

C.M.: O perfil varia de acordo com as decisões da marca, pois há quem pretenda pessoas com total foco e em exclusividade para o negócio, outros exigem experiência no sector e há ainda quem considere que a capacidade financeira é o factor mais relevante. Além disso, o perfil do franquiado varia muito com a experiência da marca e o modelo de negócio desenvolvido.

A.A.: Que aspetos deve um empreendedor ter em conta antes de se juntar a uma cadeia de alimentação?

C.M.: Considero que um dos factores mais relevantes é o número de horas que terão de dedicar à sua empresa/ franquia. Esse é talvez o aspecto que terá mais impacto na sua vida profissional e familiar. O outro ponto a ter em conta é a capacidade de liderança, pois poderá ter de gerir grandes equipas, que trabalham em horários rotativos e onde existe uma alta rotatividade.

A.A.: Qual é o grau de lealdade do franqueado?

C.M.: Não tenho tido nenhuma informação que permita responder claramente a esta pergunta, mas acredito que a rotatividade dos franquiados seja relativamente estável, o que permite depreender que esteja totalmente alinhada com a média das outras áreas de negócio.

A.A.: Verificaram-se alterações nas franquias do setor alimentar devido à crise sanitária?

C.M.: Da nossa parte, no que diz respeito à pandemia, não temos tido conhecimento de nenhuma alteração para além das impostas pela DGS de Portugal.

A.A.: Pensa que existem algumas zonas do país onde as cadeias iniciaram a sua atividade através do franchising como um passo prévio para estabelecerem as suas próprias lojas?

C.M.: Não é possível responder adequadamente a esta questão sem conhecer a fundo o que motiva a ocorrência dessa passagem de lojas franquiadas para os franqueadores. No fundo, o que pode motivar essa situação? Poderá ser um contrato não renovado por incapacidade física e/ou financeira do franquiado, o óbito do franquiado, a intenção de se reformarem, a incapacidade de gerir a empresa, desistiu do projecto, divórcios e/ou simplesmente pretender vender a sua posição na empresa. Estes inúmeros exemplos procuram demonstrar a possibilidade de uma unidade passar para o franquiador, sem ter o objectivo prévio de iniciar com franquiados e passar posteriormente para os franquiadores.

A.A.: Em Portugal, algumas empresas espanholas operam através de franchising. Estas empresas diferem muito do franchising português?

C.M.: As únicas marcas que podemos confirmar que são modelos de franquia são ‘Spar’, ‘Minipreço’, ‘Auchan’ y ‘Meu Super’. Todas as restantes marcas até podem se intitular modelo de franquias e não o serem, é exactamente por esse motivo, que procuramos alertar os potenciais franquiados para essa realidade.

A.A.: Considera que as empresas portuguesas do sector do retalho alimentar poderiam alargar a sua atividade em Espanha, como fizeram cadeias como a DIA, Covirán e Mercadona em Portugal?

C.M.: Claro que sim e acredito que seriam um sucesso. Da nossa parte tudo faremos para as apoiar.

A.A.: Quais são os pontos fortes e fracos do franchising de supermercados?

C.M.: Tal como em todos os modelos de negócio em franchising os pontos fortes são; a passagem de conhecimento, o acompanhamento da operação do franquiado, o acesso a fornecedores homologados pela marca e com preços mais competitivos devido à economia de escala, a formação continua, o networking dentro da rede e muitos outros atributos que uma rede de franquias pode disponibilizar pelo facto de estarem a operar em regime de franchising. No que respeita aos pontos fracos temos o pagamento de taxas e royalties e a falta de autonomia para tomar decisões estratégicas que possam impactar a marca.

A.A.: Que oportunidades e tendências são detectadas nesta actividade?

C.M.: Profundas transformações têm ocorrido devido ao impacto da pandemia em todos os sectores da economia e os supermercados não estão imunes a estas transformações. Enquanto um maior tempo passado em casa ditava novas tendências de consumo, o setor das franquias de todo o País corria para colocar em prática mudanças há muito desejadas. Entre estas podemos destacar o delivery, o e-commerce e as dark kitchens, partes desse novo normal do franchising e, que continuará presente no dia a dia das franquias, com especial relevo para este setor.

A.A.: Como avalia a possível evolução futura deste sector?

C.M.: As marcas maiores tendem a procurar consolidar as suas redes e aproveitar para introduzir novas tendências de consumo, muito alinhadas com o mundo digital. Quanto às redes menores, terão de construir propostas mais ligadas a esta nova forma de consumo e manter em simultâneo uma gestão de qualidade e operacional muito focada no franquiado, já que o franquiado estará mais atento ao que se passa no mercado.



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